A Tecnologia
Fotografia vem das palavras desenhar e luz. Basicamente, fotografar é usar a luz para desenhar uma imagem. Essa imagem, originalmente, era registrada por uma película sensível à luz – o filme, das câmeras antigas – e nos últimos anos, pelos sensores da máquina digital.
Hoje em dia, qualquer pessoa que tenha um celular tem também uma câmera sempre em mãos. Há uma grande diferença entre uma câmera de celular, uma câmera digital comum, e uma câmera semi profissional. As diferenças que interessam, nesse projeto, são os parâmetros que a camera permite que sejam configurados manualmente, ou se a câmera os configura automaticamente.
Nas cameras semi profissionais, uma das possibilidade que temos é de controlar absolutamente tudo – quanto de luz irá entrar, qual será a sensibilidade à luz, quanto tempo o sensor ficará exposto à imagem. Quase nada disso é controlável numa câmera de celular. Há aplicativos que tentam melhorar as câmeras e oferecer mais controles manuais, porém um celular sempre terá duas grandes limitações – primeira, o tamanho do sensor fotográfico, e segunda, quanto de luz que irá entrar na foto. Para ser viável incluir uma câmera num celular, temos que sacrificar o tamanho da lente e do sensor, além de outras limitações técnicas. Abaixo, a comparação de lentes, e como é possível perceber, o tamanho da lente do celular é metade do que o tamanho da abertura (parte clara) da lente de uma câmera semi-profissional.

Quando o sensor é configurado para ser mais sensível à luz, há um efeito chamado granulação. Basicamente, a imagem fica manchada, seja por pequenos pontos de cores estranhas até riscos na imagem. Além disso, a imagem tem um efeito mais achatado, e perde profundidade.
As câmeras automáticas basicamente medem a luz do ambiente, especialmente perto do centro da imagem, e tentam configurar automaticamente certos parâmetros. A lente da câmera, obviamente, é pequena, então naturalmente ela não deixa entrar muita luz. Se a câmera deixar o tempo de exposição alto, a imagem sairá tremida, então essa também não é uma opção boa. O que sobra é a sensibilidade do sensor – que é o parâmetro que normalmente a câmera mais sacrifica, deixando-o mais sensível a luz.
Porém, quanto mais escura a pele, menos luz ela reflete. Isso leva a câmera a aumentar a sensibilidade do sensor, perder profundidade, e criar manchas – que facilmente são confundidas com manchas na pele. A imagem fica péssima, e tende a ficar pior ainda quando há pessoas claras junto, já que a câmera não conseguirá normalizar a luz para as duas cores de pele. O resultado é, ou uma foto aonde as pessoas claras “brilham” ou, o mais comum, uma foto aonde pessoas escuras parecem sombras.
Outro elemento que coopera pra isso é a imagem que as câmeras geram. A maioria das câmeras salvam as imagens no formato JPG. É um formato bom porque deixa as fotos pequenas, sem perder muita qualidade. Mas há uma perda.
Esse formato se baseia numa série de estudos sobre quais frequências de cor o olho humano consegue diferenciar, e quais ele não consegue. Infelizmente, o olho humano tem dificuldades de perceber diferença quando os tons são mais escuros… ou seja, menos informação é usada para diferenciar tons escuros, e mais informação é usada para os tons claros, o que coopera ainda mais para a impressão de que a foto esta achatada.
Já as câmeras semi profissionais permitem gravar a imagem em outros formatos. Isso significa que a perda de qualidade que o formato JPEG possui não afeta a foto. Provavelmente, no final das contas, a foto será convertida de volta para JPEG, mas nesse momento, o fotógrafo poderá olhar para o resultado e tentar corrigir ou alterar a foto, até mesmo dependendo de edição, para evitar perdas maiores. Isso só é possível porque há dois arquivos – o que a câmera registrou, que não possui perda, e o formato final, que é convertido diretamente de uma imagem sem perda. Abaixo, uma comparação dos dois formatos

A imagem acima foi capturada por uma câmera semi profissional, e então foi convertida para um formato sem perda (TIFF) e para um com perda (JPG, o formato que as câmeras de celular registram). Para mostrar com detalhes a perda, abri ambas num software de edição de imagens, e dei zoom na mesma até ser possível de identificar os pontos da imagem (toda imagem digital, de computador, é representada com uma série de pequenos pontos chamados de pixels. A composição de todos esses pontos resulta numa imagem. Os pixels sempre tem o mesmo tamanho, então diz-se que uma imagem tem mais resolução quando ela possui mais pixels do que outra). A seta vermelha aponta para um canto da imagem aonde a perda é perceptível: do lado esquerdo, há varios pontos de várias cores, e do lado esquerdo, a maioria dos pontos possui a mesma cor (ou uma cor bem semelhante), dando um efeito meio borrado na imagem.